José Bernardo da Silva

José Bernardo da Silva ou simplesmente Zé Bernardo, como era chamado popularmente, nasceu no dia 02 de novembro de 1901 em Palmeira dos Índios, Alagoas. Mudou-se para Pernambuco na companhia de seus pais ainda criança, onde trabalhou como agricultor ao lado de sua família. Chegou à região do Cariri cearense em 1926, já casado, com sua esposa Ana Vicência Arruda e fixou residência em Juazeiro do Norte.


José Bernardo da Silva com sua família em Juazeiro do Norte-CE
(Foto: Acervo da Lira Nordestina)

Trabalhou nesse período como caixeiro viajante, levando pelos sertões em um baú miudezas e artigos diversos. Bem sucedido em suas primeiras vendas, José Bernardo continuou no comércio, adicionando à suas mercadorias os folhetos de sua autoria, bem como os de maior gosto popular.

A procura por folhetos aumentava a cada viagem e José Bernardo acrescentava gradativamente mais títulos na bagagem para suprir a demanda. Seu esforço aliado à paciência e à ajuda constante de sua esposa fez de seu negócio um empreendimento de sucesso, ao ponto de José Bernardo comprar uma máquina pequena para impressão dos folhetos e se dedicar integralmente ao ofício.

Os negócios progrediram e outras máquinas foram adquiridas para aumentar o volume de impressões. Agora com uma tipografia montada, José Bernardo podia atender clientes de vários estados do país chegando a imprimir seis mil folhetos cada máquina. A Tipografia São Francisco ficou conhecida nacionalmente e após a aquisição dos direitos de edição dos títulos de Leandro Gomes de Barros e João Martins de Athayde, José Bernardo se consolidou como o maior editor de literatura de cordel do Brasil.
 
José Bernardo da Silva no ano de 1948
(Foto: Acervo da Lira Nordestina)

Dentre os seus principais cordéis destacam-se: O Príncipe Oscar e a Rainha das Águas, Visitas dos Romeiros a Juazeiro, O Cruzeiro do Horto, A Pranteada Morte do Padre Cicero Romão, Conselhos Paternais.

Folheto "A Pranteada Morte do Padre Cicero Romão" de José Bernardo da Silva. Edição da Academia Brasileira de Cordel-ABC publicada em 19 de agosto de 1982.

Com José Bernardo o cordel cresceu pelo país lançando novos poetas e editando os títulos dos grandes nomes deste gênero literário, tornando o Juazeiro um forte centro de produção e distribuição de folhetos.José Bernardo da Silva faleceu no dia 23 de outubro de 1972 e atualmente o acervo da antiga Tipografia São Francisco encontra-se aos cuidados da Universidade Regional do Cariri - URCA em Juazeiro do Norte-CE, sob o nome de Lira Nordestina.

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Para saber mais, leia:

Carvalho, Gilmar de. A Xilogravura de Juazeiro do Norte. Fortaleza: IPHAN, 2014.

Lopes, José Ribamar (Org.). Literatura de cordel; antologia. 3. ed. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 1994. 

Melo, Rosilene Alves de. Arcanos do verso: trajetórias da literatura de cordel. Rio de Janeiro: 7Letras, 2010.
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